quinta-feira, 23 de julho de 2009

Nosso encontro


Iniciamos os trabalhos do encontro do dia 15 de julho, à noite, com um fragmento do texto de Fanny Abramovich, o qual traça um retrato do professor de língua portuguesa:
Gostaria de ter tanto prestígio quanto o professor de português. Acham que é a própria voz da sabedoria. Está há décadas na escola e todos passaram por suas mãos. Fama e confiança das famílias. Apoio da direção. Só falta um tapete vermelho na entrada, pra ele pisar. Ninguém mexe com ele. Ninguém fala grosso ou se atreve a lhe cobrar modernidades. Só reverências.
Com uma abordagem lúdica, fizemos alguns apontamentos sobre esta citação, procurando visualizar o professor atual contextualizado nesta abordagem. Seria mesmo assim? Como é o professor de português no contexto da educação contemporânea? Sentimos-nos realmente tal qual a descrição de Abramovich? Estaria a autora fazendo uma sátira à figura do professor?
Em contrapartida, para fins de descontração, apresentei o vídeo “O assalto” apresentado no programa do Jô Soares, da Cia. Os Melhores do Mundo. O vídeo mostra, de uma maneira muito engraçada, um personagens marginalizado às voltas com “o falar certo”. A partir deste vídeo, foi lançada esta questão: Falar “errado” compromete as relações de comunicação?
Com estes apontamentos, iniciamos nosso estudo fazendo um resgate das unidades vistas no encontro passado. As professoras relataram suas experiências com as aplicações das atividades sugeridas no material (TP3, AAA3 – versões aluno e professor). Foi unânime o contentamento com as propostas do Gestar II, sendo que todos estão incluindo em seus planejamentos uma quantidade razoável de atividades dos cadernos. A medida que as professoras apresentavam suas práticas, puderam trocar experiências, ideias e propostas que poderiam ser adaptadas para cada realidade. Vejo estes momentos importantes para o encontro de área, uma vez que os ideais, angústias e pensamentos são os mesmos.
Para introduzir os objetivos do dia, resolvi resgatar um ponto de cada unidade do TP3, fazendo uma ligação significativa entre eles. O mote inicial se deu a partir de uma reflexão sobre a importância do gênero literário na sala de aula, ressaltando que este gênero é desencadeador de elementos essenciais para o desenvolvimento da criança, sendo que pode ser desencadeador da personalidade, formar o gosto e a sensibilidade, e que muitas vezes deve ser apresentado ao aluno sem cobrança de trabalhos, provas, etc. Deve sugerir, por algumas vezes, uma “leitura vagabunda”, sem compromisso, sem segundas intenções ou aquela indigesta lista de conteúdos gramaticais.
Procurei ressaltar, também, a partir do gênero literário, a importância de dar ênfase ao ensino de vários gêneros orais. A discussão levou o grupo a concluir que durante as aulas de português enfatiza-se somente leitura e escrita, esquecendo-se de seu papel para com o desenvolvimento da boa oralidade. A fim de aprofundar esta perspectiva e lançar ideias de atividades, selecionei, da Revista Nova Escola, o artigo “Casamento proveitoso” (edição junho/julho – 2009), em que apresenta um trabalho de leitura e interpretação de textos de Ariano Suassuna com foco nas marcas da oralidade. A leitura deste artigo despertou no grupo a sensibilidade de aproveitar oportunidades dentro da literatura para ajudar aos alunos a desenvolver uma boa oralidade, quesito importante para o sucesso social e profissional.
Para trabalharmos a unidade 11, escolhi dar um olhar diferenciado ao texto narrativo, uma vez que tratamos de gêneros literários, pois acredito que seria mais coerente.
O tipo narrativo apóia-se em fatos, personagens, tempo e espaço. Relata mudanças de estado entre os fatos ou episódios, seja marcando essas mudanças nos tempos verbais ou não. Além disso, há uma relação de anterioridade e posterioridade entre os fatos narrados e, frequentemente, esses fatos mantêm entre si uma relação de causa e efeito. Por isso, muitas vezes, a ordem em que se enunciam os fatos é relevante para a sequência narrativa. (TP3 – p.105)
Procuramos, acerca desta citação, fundamentar as práticas em sala de aula, e destacar as aberturas que o texto narrativo garante para que o aluno desenvolva habilidades e gostos pela escrita e, consequentemente, à leitura. Neste âmbito, o vídeo da TV Escola, “O texto Narrativo” veio muito a somar com nossas elucidações. O vídeo traz experiências sobre a prática com texto narrativo, citações de grandes gênios, como Edgar Allan Poe: “A escrita requer 1% de inspiração e 9% de transpiração”, a fim de evidenciar o trabalho árduo que é o ato de escrever, na busca de textos bem escritos e eloqüentes. Poe também propõe que, ao iniciar um texto, sejam definidos alguns pontos essenciais, como situações, personagens, tempo, espaço, ideias e, até mesmo, a seleção de palavras a serem utilizadas. Para isso, propus a atividade “caixa de objetos”, em que cada professor escolhia um objeto e dava sequência à história que lancei. A atividade, além de muito divertida, serviu de sugestão para trabalhar coesão e coerência na construção do texto com os alunos.
A fim de enfatizar a ideia de Allan Poe sobre a difícil tarefa de reescrever e sua irrestrita importância, lemos o artigo “Além da reescrita”, também da Revista Nova Escola (edição junho/julho – 2009). O artigo lança mão da ideia de “modificar o narrador da trama encaminha a garotada para a autoria de verdade”, o qual também serviu de inspiração para trabalhos em sala de aula.
Para introduzir a unidade 12 do TP3, a qual trata da inter-relação de gêneros, apresentei às colegas o vídeo “Fábulas Modernas: A cigarra e a formiga”, a fim de identificar a heterogeneidade tipológica presente. Concluímos que o subgênero fábula continha o gênero charge, por fazer uma releitura/sátira da fábula original. Também enfatizei as diferenças existentes entre heterogeneidade tipológica, intergenericidade e intertextualidade.
Após esta introdução, separei a turma em três grupos a fim de que fizessem o estuda de cada seção da unidade 12 e, logo após, socializassem suas impressões para o grande grupo. A cada explanação dos professores, foi possível trocar experiências, conhecimentos e nos divertir, a medida que as descobertas evidenciavam muito da prática que já se faz em sala de aula, isto por este ser um grupo muito dinâmico e comprometido comas relações ensino-aprendizagem.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Noite de Gestar



(inspired by Vincent Van Gogh's Starry Night )
STAR LIT NIGHT
Smoking pipe so peacefully
Stain from chest wound grows
days of conversation and reflection
followed the coming of crows
a life of torment and rejection
no hint in his radiant light
for a glorious awareness was in him
what was revealed on that bright star lit night.©
Dale Wicks
A releitura da obra de Van Gogh é muito inspiradora. O poeta Wicks nos diz "days of conversation and reflection followed the coming of crows" (dias de conversa e reflexão seguidos da chegada de corvos). Nossa! Mas é isso aí: o tema é inspirador, a pintura é bela, o Gestar é provocador (o corvo), no sentido em que a chegada deste "corvo" pode assustar, mas também pode ser o prenúncio do abandono de uma ideia ou de um paradigma, dando espaço para outros pontos de vista. A noite é escura, é vaga, nos deixa inseguros, mas quanta beleza há nela se olharmos através de um nova perspectiva?
Tantas metáforas me ajudam a explicar a importância do Gestar para os nossos educadores. Pude sentir, em nosso segundo encontro, que muitas barreiras foram quebradas e que uma nova postura de ensino está sendo tomada. É como ver uma noite estrelada!



"Gostaria de ter tanto prestígio quanto o professor de português. Acham que é a própria voz da sabedoria. Está há décadas na escola e todos passaram por suas mãos. Fama e confiança das famílias. Apoio da direção. Só falta um tapete vermelho na entrada, pra ele pisar. Ninguém mexe com ele. Ninguém fala grosso ou se atreve a lhe cobrar modernidades. Só reverências."
(Fanny Abramovich)
Seria mesmo assim? Como é o professor de português no contexto da educação contemporânea? Sentimos-nos realmente tal qual a descrição de Abramovich? Estaria a autora fazendo uma sátira à figura do professor?

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Plantão Pedagógico


Entendo que a realização do Plantão Pedagógico é um atendimento diferenciado ao professor que amplia as possibilidades de desenvolvimento de suas práticas e melhora a qualidade de atendimento aos alunos. Foi prazeroso perceber que as práticas do Gestar estão auxiliando o fazer pedagógico de maneira mais lúdica e contextualizada, o que faz-me lembrar:
"Se fosse ensinar a uma criança a beleza da músicanão começaria com partituras, notas e pautas.Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contariasobre os instrumentos que fazem a música.Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediriaque lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas.Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentaspara a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes".Rubem Alves