terça-feira, 8 de junho de 2010

SME de Guaporé recebe prêmio do MEC



Educadores guaporenses participam de Seminário Internacional de Educação Dentre os dias 24 a 27 de maio, aconteceu, em Brasília, o Seminário Internacional “A Escola aprendendo com as diferenças”, voltado para os estudos acerca da educação inclusiva. Neste seminário, estiveram representando o município de Guaporé, a Secretária Municipal de Educação, Doraci Bortoncello, a Diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Alexandre Bacchi, Joelma Flamia, a professora Adriangela Bonetti e a Coordenadora Pedagógica, Luciane Faccio Balestieri.
A comitiva guaporense esteve presente para receber o prêmio “Experiências Educacionais Inclusivas: A Escola aprendendo com as diferenças”, referente à experiência realizada na Escola Alexandre Bacchi, sendo seu projeto reconhecido entre os cinco melhores do país e o melhor do Estado do Rio Grande do Sul.
O Seminário contou com a presença do Ministro da Educação, Fernando Haddad, que se manifestou dizendo que “as Escolas devem ensinar, acima de tudo, o convívio harmonioso entre as crianças e jovens, baseado no respeito mútuo”, pensamento este já vivenciado pelas Escolas da Rede Municipal de Ensino de Guaporé. Para a Secretária Municipal de Educação, Doraci Bortoncello, o trabalho da Secretaria, executado de forma modesta, mostra sua grandeza a partir de sua organizada e planejada jornada. “Fazemos o que corresponde às solicitações da comunidade, à ética e à responsabilidade social, as quais são ousadas e desafiantes. Obrigada por acreditarem e confiarem em nosso trabalho.”
Guaporé está de parabéns e o desempenho de cada um se concretiza no sucesso do município, usando palavras do Ministro Haddad, “todos se beneficiam com a inclusão.”

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

TP1 – Linguagem e Cultura

Para trabalhar este caderno, TP1, introduzi os estudos com a história em quadrinhos do Chico Bento, “Os saberes de cada um”. Após uma reflexão sobre o significado do texto, fizemos a leitura do texto “Nois Mudemo” de Fidêncio Bogo.
Foi possível estabelecer uma relação entre ambos, em que a linguagem influencia uma cultura pelo modo como dá forma à percepção que se tem da realidade. A língua funciona muitas vezes como uma marca de identidade. Ela identifica o indivíduo como parte de um grupo - muitas vezes confundindo a língua com a própria nacionalidade - com fronteiras físicas e culturais bem definidas. No entanto, quanto maior for a extensão englobada por estas fronteiras, maior diversidade cultural existirá dentro delas, levando à produção de dialetos que identificam o indivíduo como elemento de grupos mais específicos. Portanto, respeitar essa diversidade lingüística é, sobretudo, fazer cultura.
A partir destas reflexões, realizamos a atividade proposta no TP1, páginas 169, 170 e 171, sobre o texto “A outra senhora” de Carlos Drummond de Andrade.

Processos de Escrita II

“A essência da comunicação é a argumentação”
Tudo que temos visto sobre língua e linguagem nos mostra como nossa própria existência de seres humanos é moldada pela nossa capacidade de agir pela linguagem. Distinguimo-nos de outras espécies animais porque somos capazes de nos constituir humanos pelo exercício da faculdade da linguagem. Assim, cada cultura organiza historicamente seus códigos de comunicação, seja na formação de seu vocabulário e estruturação sintática e semântica, seja na adequação dos textos às situações sócio comunicativas. Pela linguagem organizamos o saber, a vida. Pela linguagem agimos sobre nossos pares e sobre o mundo. Por isso, todos os seres humanos são, ao mesmo tempo, origem e produto da linguagem, origem e produto da história que nos leva a construir formas de comunicação e de atuação específicas.
Visto nessa perspectiva, todo uso da linguagem é argumentativo, pois estabelece uma interação com o outro, uma relação de fazer social. E toda linguagem é, assim, um processo sempre em movimento.
A partir desta abordagem, apresentei duas situações comuns em que a argumentação é falha:

Acontece em várias situações de alguém não ter argumento e apelar para voz alta, gritos ou expressões feitas, chavões e até palavras que, de tão baixo nível, expulsam os interlocutores para fora do diálogo, porque estes não querem se imiscuir em baixarias. No caso da tirinha da Mafalda, a agressão justifica a falta de argumentação a uma proposição apresentada pela sua interlocutora, no caso a Suzanita.
Neste caso “Por que a Eva comeu a maça?”, encontramos outra situação de quebra de argumentação:

No início, Eva não queria comer a maçã.
- Come - disse a serpente - e serás como os anjos!
- Não - respondeu Eva.
- Terás o conhecimento do Bem e do Mal - insistiu a víbora.
- Não!
- Serás imortal.
- Não!
- Serás como Deus!
- Não, e não!
A serpente já estava desesperada e não sabia o que fazer para que a Eva comesse a maçã. Até que teve uma idéia. Ofereceu-lhe novamente a fruta e disse:
- Emagrece!

Quando a resposta do interlocutor é lacônica (um “Não!”, por exemplo), ficamos propensos a desistir de argumentar, embora possamos lançar novas propostas em busca de nossos objetivos, enquanto a inicial é totalmente descartada. Ainda neste texto, concluímos que quando o argumento vem ao encontro das expectativas do interlocutor, fica mais fácil convencê-lo. No caso da Eva, a serpente somente conseguiu atingir seus propósitos quando lançou mão de um argumento que Eva estava disposta a aceitar, que lhe interessava no momento.
Esta reflexão nos ajudou a entender um fenômeno comum na escola: Será que argumentamos bem nossa proposta de ensino a nossos alunos? Será que nossos argumentos vêem ao encontro de suas expectativas? Ou caímos na armadilha de dizer que “precisam estudar para que sejam alguém no futuro”? Precisamos rever nossos argumentos! Para elucidar estas questões, assistimos ao vídeo “Estudo errado”, um clip musical de Gabriel, O Pensador.

Como ocorre a construção da argumentação?
Nossas reflexões sobre a linguagem se apóiam na concepção de que usamos as línguas (e a linguagem) não apenas para retratar o mundo ou dizer algo sobre as coisas, mas principalmente para atuar, agir sobre o mundo e as coisas; para produzir resultados a partir de nossas ações linguísticas. (Tp6 – pg. 15)
Para fixar estes conceitos, realizamos as atividades 1 e 2 do caderno TP6 (pg. 15 a 18), com propaganda e tirinhas. Após, distribui as atividades da Unidade 22 em três grupos para que apresentassem as seguintes propostas:


• Planejamento
• Estratégias
• A escrita
Como lição de casa, selecionei a atividade apresentada na página 219 do TP6, a partir da crônica “Espírito Carnavalesco” de Moacyr Scliar.

Estudos TP6

Para introduzirmos nosso encontro, passei aos cursistas o vídeo “I want to believe”, o qual apresenta um personagem que busca observar o espaço, na tentativa de descobrir outro mundo e seus mistérios. Enquanto observa somente um lado, as coisas acontecem do outro lado, e ele perde o grande espetáculo. Esta metáfora foi levada para nossa vida como profissionais da educação, e numa interpretação bem abrangente, os professores conseguiram fazer uma analogia a sua própria prática: às vezes buscamos cegamente acreditar naqueles paradigmas que formamos e esquecemos de buscar novos caminhos e, conseqüentemente, desistimos de nossos sonhos...
Através desta introdução reflexiva, é que iniciamos nossos estudos referentes ao TP6. Para o momento, considerei importante fazer uma retomada sobre as concepções de ensino da Língua Portuguesa, a fim de que o professor possa relacioná-las a sua prática e conheça melhor sua didática de ensino. Então, apresentei uma síntese das concepções baseada no texto “Ensino de Língua Portuguesa: Objetivos e Concepções de Linguagem guiando a prática docente” (Thaís Wojciechowski, UFMT)
1. Linguagem como expressão de pensamento: A enunciação é um ato monológico, pois a expressão se constrói no interior da mente, portanto, o modo como o texto se constitui não depende em nada do contexto em que se insere. A língua é concebida como um simples sistema de normas, acabado, fechado, abstrato e sem interferência social.
2. Linguagem como instrumento de comunicação: Procura-se desenvolver e aperfeiçoar o comportamento dos alunos enquanto emissores-codificadores e receptores-decodificadores de mensagens verbais e não-verbais, presumindo-se que para a compreensão basta apenas o conhecimento do código.
3. Linguagem como processo de interação: Esta concepção concebe a língua como um processo de interação em um dado contexto sócio-histórico e ideológico, em que o indivíduo realiza ações por meio da linguagem, agindo e atuando sobre o interlocutor.
Após apresentar tais concepções e localizarmos os processos de ensino em cada uma delas, concluímos que cada forma atende às necessidades da época vigente, Cabe ao professor, desenvolver uma forma de ensino que realmente lhe pareça produtiva para atender à consecução dos objetivos de Língua Portuguesa que se tem em mente. A reflexão sobre o seu fazer pedagógico deve ser consciente e, caso pretenda operar a uma mudança de atitude, o professor deve ter claro que, para haver mudanças, não basta mudar a metodologia, há uma questão mais séria a ser resolvida antes de se adotar uma nova linha metodológica, e de se pensar em novos procedimentos de ação. Trata-se da adesão a uma nova concepção de língua/linguagem, para que enfim seja possível refletir sobre sua prática docente e conseguir ultrapassar a insegurança de uma alteração de atitude.
Embora acredita-se muito que a terceira concepção de ensino seja a adequada para o momento, é preciso trabalhar de forma a integrar todas as concepções, pois não devemos esquecer que os aspectos formais da língua são essenciais para a formação social de nossos alunos, como bem explica Magda Soares:

Um ensino de língua materna comprometido com a luta contra as desigualdades sociais e econômicas reconhece, no quadro destas relações entre a escola e a sociedade, o direito que têm as camadas populares de apropriar-se do dialeto de prestígio, e fixa-se como objetivo levar os alunos pertencentes a essas camadas a dominá-lo, não para que se adaptem às exigências de uma sociedade que divide e discrimina, mas para que adquiram um instrumento fundamental para a participação política e a luta contra as desigualdades sociais.

Aproveitando o texto mostrado pelo professor Maurício em nosso último encontro, fiz algumas relações entre os pontos apresentados com teorias, a fim de mostrar aos professores como importante é ter conhecimento de teoria e que, muitas vezes, elas se aplicam claramente em nosso cotidiano escolar. O texto é o seguinte:
Princípios da aprendizagem
1. A história particular do aluno deve ser considerada no processo de ensino
2. O autoconceito do aluno influi em sua capacidade de aprender
3. A aprendizagem deve ser significativa, isto é, ser relevante para a vida do aluno e articular-se com seus conhecimentos anteriores
4. Aprender motiva mais quando o aluno já tem alguma ideia do que está sendo ensinado e foi informado sobre como os novos conhecimentos podem fazer sentido em sua vida
5. Elogios são uma forma poderosa para promover a aprendizagem
6. 6. A aprendizagem vivenciada é duradoura
7. 7. As aprendizagens precisam se repetir para serem dominadas, mas a repetição deve se dar de forma interessante
8. 8. A aprendizagem é mais sólida quando se conhecem os erros cometidos
9. 9. Quando o estilo cognitivo do aluno é entendido, ele pode aprender melhor
10. 10. “Aprender a aprender” é fundamental para que o aluno conquiste autonomia par continuar aprendendo
Para finalizar estas reflexões, fizemos a leitura do texto “marcas de batom no banheiro” (apresentado pela colega Sabrina, de Glorinha, em nosso segundo encontro em POA). O texto metaforiza a ideia de que necessitamos mudar nossa metodologia a fim de atingirmos os objetivos em nossa área. Ao fazer estas leituras, cada professor fazia inferências e conseguia fazer analogias às suas práticas e experiências, constatando que o que foi apresentado é muito verdadeiro e correspondente às vivências diárias.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Análises e Propostas de estudo

- Socialização das atividades
Interagir, trocar experiências, socializar, comunicar-se é importante para os indivíduos no sentido de aprender, ganhar experiências, fazer amizades, estabelecer laços afetivos, integrar-se dentro de um grupo/sociedade, relacionar-se e evoluir como pessoa. Por isso, nossos momentos de socialização têm sido muito importantes para o processo de crescimento profissional. Através destes momentos foi possível concluir que, apesar de sermos professores de escolas distintas, formarmos uma unanimidade de pensamento em relação às práticas escolares, tanto no que diz respeito à área de língua portuguesa quanto às demais disciplinas.
Cada professor cursista apresentou suas atividades desenvolvidas a partir das orientações da última oficina (TP4), valorizando as formas de se trabalhar com leitura e produção textual. Os trabalhos que vêm sendo desenvolvidos são dignos de muita apreciação. O que deve ser destacado é o da professora Maria de Lurdes Osmarini, a qual sempre teve uma prática baseada no ensino tradicional da língua portuguesa e que, a partir do Gestar II, vem modificando sua maneira de ensino (modelo de plano de aula em anexo).
Dentre as atividades apresentadas, verificamos a tendência que propõe que certas atividades sejam feitas diariamente com os alunos de todos os anos para desenvolver habilidades leitoras e escritoras. Entre elas, estão a leitura e escrita feita pelos próprios estudantes e pelo professor para a turma (enquanto eles não compreendem o sistema de escrita), as práticas de comunicação oral para aprender os gêneros do discurso e as atividades de análise e reflexão sobre a língua.
Concluímos que a leitura, coletiva e individualmente, em voz alta ou baixa, precisa fazer parte do cotidiano na sala. O mesmo acontece com a escrita, no convívio com diferentes gêneros e propostas diretivas do professor. O propósito maior deve ser ver a linguagem como uma interação. O desenvolvimento da linguagem oral, por sua vez, apesar de ainda pouco priorizado na escola, precisa ser trabalhado com exposições sobre um conteúdo, debates e argumentações, explanação sobre um tema lido ou leituras de poesias. O importante é oferecer oportunidades de fala, mostrando a adequação da língua a cada situação social de comunicação oral.

- Provas diagnósticas
As provas diagnósticas de entrada têm por objetivo medir os resultados da aprendizagem dos alunos e servir como base para o replanejamento escolar do professor. Assim, os cursistas aplicaram as provas entre os dias 21 e 25 de setembro, nas séries que escolheram e acharam por bem aplicá-las.
O resultado foi satisfatório. Segundo as professoras, os alunos gostaram de resolver a prova, pois suas aulas já contemplam os aspectos requisitados na prova. As médias de acertos ficaram boas e ficou muito evidente os pontos em que ainda há deficiências de aprendizado e, portanto, a prova servirá como mote para se trabalhar as questões em que o aluno no obteve resultado positivo. A prova também servirá de embasamento para a aplicação das provas do MEC (Prova Brasil), em que o aluno possivelmente passará por uma experiência semelhante.
Pode-se, portanto, considerar esta prova como um instrumento muito útil para dar ao professor mais segurança em saber qual será o foco de seu trabalho. É evidente a necessidade de se trabalhar a multiplicidade dos gêneros como forma de alcançar objetivos e atingir todos os níveis de aprendizado.

- Referencial Curricular da Língua Portuguesa – RS
O novo Referencial Curricular da Língua Portuguesa – RS vem com uma nova proposta de ensino da Língua Portuguesa e Literatura. Considerando que os currículos destas disciplinas estão, em sua maioria, ultrapassados, considerei interessante apresentar esta nova proposta para os professores destas disciplinas de nossa rede, a fim de que se possa pensar acerca das mudanças que podemos promover em nosso currículo para os próximos anos.
Às professoras foi apresentado o propósito desta mudança, o qual vem ao encontro da metodologia do Gestar II, em que a linguagem deva servir como forma de articular significados coletivos em códigos, ou seja, em sistemas arbitrários de representação, compartilhados e variáveis, e de lançar mão desses códigos como recursos para produzir e compartilhar sentidos. Conforme Sonia Balzano, uma importante mudança é o foco das aprendizagens, que passa a ser as competências, numa abordagem interdisciplinar, e não mais a assimilação de conteúdos estanques em disciplinas e, algumas vezes, pouco contextualizados com as exigências do mundo contemporâneo.
A proposta foi analisada e discutida entre o grupo e, por fim, bem aceita. Pretendemos iniciar um novo estudo acerca das peculiaridades do referencial para que possamos construir um novo modelo para nossa rede. Para isso, foi entregue uma cópia em CD para cada professor, a fim de realizarem suas análises como tarefa.

- Projetos
Os projetos solicitados aos cursistas estão sendo executados. Comuniquei a eles que estarei verificando-os nas escolas nas próximas semanas.
Foi proposto aos cursistas pensarem em uma atividade de apresentação dos projetos. Pretende-se, então, fazer uma culminância no dia 05 de Dezembro, na Praça Central de nossa cidade, em que serão apresentadas algumas atividades relativas aos projetos a toda comunidade. Esta ideia será desenvolvida e tramitada durante nossos próximos encontros.

Estudos do TP5

TP5 – Estilo
• O estilo é o resultado de uma escolha dos meios de expressão realizada pelo falante.
• O estilo liga-se a intenção do falante.
• A emoção e a afetividade estão presentes no estilo.
Após construir estes conceitos coletivamente, discutiu-se como o estilo está presente em sala de aula. Do que foi dito neste breve estudo, concluímos que a presença da Estilística nas aulas de português é da maior relevância. Desperta a sensibilidade lingüística e o gosto literário do aluno, além de motivar e tornar menos árido o estudo da matéria gramatical. Vale lembrar que muitas das aparentes irregularidades da língua têm sua origem em motivações de natureza estilística. Por fim, cabe enfatizar que o estudo da Estilística e o da Gramática são perfeitamente compatíveis, por se tratar de disciplinas complementares e afins, e tanto o professor quanto o aluno sairão ganhando com essa dobradinha, sobretudo como subsídio para a pratica da redação e da compreensão de textos.
Para ilustrar este aspecto da língua portuguesa, apresentei o vídeo “Fita Verde no Cabelo” de Guimarães Rosa. Este vídeo articula vários estilos e conduz ao raciocínio através das alegorias presentes, as quais fazem toda diferença ao se tratar dos aspectos semânticos. Dos textos de Guimaraes Rosa, é possível destacar: uso de frases caótica, frases na ordem inversa, português arcaico, neologismos, regionalismos, mudanças de classe gramatical, sufixos e prefixos, transposição da linguagem oral para a escrita, uso de provérbios populares, frases entrecortadas, etc.
Avançando na Prática: O texto “Palavras” de Adriana Falcão também foi lido para dar enfoque a um estilo acerca do plano sonoro. O texto mostra a tonalidade emotiva das palavras, o sentimento que cada uma desperta em quem as usa. Na ocasião, coloquei aos cursistas a importância de se ter um novo olhar para as produções escolares, uma vez que as escolhas do aluno representam a subjetividade, e em análise, muitas vezes não temos esta sensibilidade em avalia-las.

- TP5 – Coesão e Coerência
Na construção de um texto, assim como na fala, usamos mecanismos para garantir ao interlocutor a compreensão do que se lê / diz. Esses mecanismos linguísticos que estabelecem a conectividade e a retomada do que foi escrito / dito são os referentes textuais e buscam garantir a coesão textual para que haja coerência, não só entre os elementos que compõem a oração, como também entre a sequência de orações dentro do texto.
A fim de analisar estes elementos, propus os seguintes textos:

Texto 1:

Nesta tira, apenas identificamos os elementos coesivos aparentes. Relacionamos, inclusive, a importância da coesão para que haja coerência e concluímos que: para que haja coerência, um texto precisa ser coeso, ao passo que um texto coeso não irá ter necessariamente coerência.

Texto 2:

As tiras da Mafalda são sempre suportes excelentes de análise! Neste caso, analisamos os elementos coesivos implícitos, pois não precisam estar aparentes. Nesta tira, a coesão se dá a partir do conhecimento prévio que se tem sobre a aversão que a personagem tem por sopa, e que proporciona toda a coerência do texto. Textos como estes demonstram que se não houver um ensino direcionado que privilegia a linguística, não haverá entendimento, isto porque o estudo gramatical torna o entendimento limitado.

Texto 3:


O texto 3 trata de elementos de coesão que o leitor elabora durante a leitura, e que são imediatamente redirecionados pelo autor, como numa quebra de expectativa a fim de que possa haver humor.

Texto 4:

A propaganda da Coca-cola possui significado intenso desde que haja relação entre texto e imagem. O produto é tão leve – light – a ponto de levitar. Caso a tarja da garrafa não possuísse a expressão “light”, o entendimento ficaria comprometido. Neste caso, verifica-se a importância da coesão entre texto e imagem para fin de coerência.

Texto 5:
O cartaz
O desejo

O pai
O dinheiro
O ingresso

O dia
A preparação
A ida

O estádio
A multidão
A expectativa

A música
A vibração
A participação

O fim
A volta
O vazio


No poema de Affonso Romano de Sant’Anna, os elementos coesivos são elípticos e, mesmo assim, temos indiscutível coerência.
Estes foram alguns exemplos trabalhados e discutidos a fim de demonstrar as relações entre coesão e coerência na construção de um texto. A partir destas análises, passamos a entender as diversas possibilidades que um texto apresente, uma vez trabalhado sob a ótica da linguística.
Para fins de discussão e também de diversão (por que não?), apresentei o vídeo “Conto de Fadas Improvável”. Endereço do vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=kj8egQo9qw4
Foi a oportunidade de apresentar idéias de aplicação de aula com objetivo de se trabalhar coesão e coerência. Este vídeo apresenta uma proposta com regra simples, a platéia sugere o nome de um conto de fadas que não existe. Os jogadores deverão encenar o conto de fadas sempre rimando suas falas. O jogo é ótimo e pode ser aplicado em sala de aula, com algumas modificações, certamente. Cada cursista elaborou uma proposta de trabalho a partir da ideia do vídeo, em que se valorizasse às questões referentes à coesão e coerência, sendo que cada proposta foi discutida conforme sua funcionalidade e viabilidade, bem como alcance de objetivos.
Para complementar os assuntos apresentados do TP5, foram realizados mis duas atividades:
Atividade 1: Ditado
Proposta de trabalho
1. Fazer a leitura de um texto numa velocidade normal e os cursistas terão de anotar o maior número possível de palavras. (Foi feita a leitura de um fragmento do texto “Vovô fugiu de casa” de Sérgio Caparelli)
2. Um segunda leitura é feita. Ela deve permitir completar a informação recebida durante a primeira leitura.
3. Dividir a turma em grupos. Dentro de cada grupo, devem trocar informações até chegar a uma versão próxima do texto original.
4. Cada grupo apresenta sua versão.
Nesta atividade, o objetivo é trabalhar os elementos de coesão, pois são anotadas palavras ou fragmentos e, após, as informações são agrupadas tendo que formar um texto coeso.

Atividade 2: Complemento coerente
Proposta de trabalho
1. Apresentar uma letra de música pouco conhecida com as rimas finais ocultas, para que a completem com coerência.
2. Desenvolver um trabalho de leitura e compreensão após a atividade. É muito divertido pela diversidade de opiniões apresentadas.
Exemplo:
Eu sou só um bicho carente de _______________
Uma criança problema no meio de um _______________
Ou choro sozinho num canto na hora do ____________________
Ou banco o palhaço e faço _____________________
No fundo, no fundo, no fundo sou um ______________________
Um vira-lata de raça, raposa no dia de ____________________
Eu quebro o protocolo, me atiro no seu ________________
Eu salvo sua vida quando você se ____________________
Minha dor não dói, sou marginal, sou _______________
Eu sou Marlon Brando, vivo numa ilha
Não faço papel de santo nem pra minha ________________
Não posso ser outra coisa se não James Dean
Eu sempre fui mais bonzinho quando sou _________________

Em outra etapa, foram realizadas as atividades propostas n TP5 - Unidade 20 – Relações Lógicas no Texto: Seção 1: A lógica do (no) texto, Seção 2: A negação, Seção 3: Significados Implícitos. Cada grupo realizou as atividades propostas no TP e apresentaram seus resultados para o grande grupo. Acreditamos que o fato do professor estar realizando estes exercícios o colocam frente as experiências que o aluno irá passar, abrindo assim seus horizontes para uma prática mais acessível visando o objetivo da linguagem.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Encontros de Setembro




Iniciamos apresentando ao grupo a proposta das Provas Diagnósticas do GestarII. Aos professores foram repassadas tais informações: As provas diagnósticas de entrada têm por objetivo medir os resultados da aprendizagem dos alunos e servir como base para o replanejamento escolar do professor. A prova de saída vai apresentar resultados que serão comparados com os dados colhidos na avaliação de entrada. Dessa forma, cada professor poderá identificar e acompanhar os avanços ocorridos nas salas de aula durante a implementação do programa.
Todos os cursistas demonstraram interesse e irão aplicar a prova entre os dias 21 e 25 de setembro. Foi sugerida uma planilha para acompanhamento dos resultados (em anexo).
Na sequência, realizamos a socialização das atividades aplicadas em sala de aula. Cada qual relatou o detalhamento de suas práticas, enfatizando sempre os bons resultados atingidos. É possível perceber em seus relatórios que há efetiva aplicação dos diversos gêneros (propagandas, poesias, contos, crônicas, música, etc.) em sequências didáticas, e os professores procuram sempre adaptar as atividades conforme a realidade de cada turma e escola. Nesta perspectivas, foram comentadas as impressões sobre o texto “Gêneros, como usar”.
Como atividade inicial (elaborada pela colega Daiana), e também contemplado os aspectos do caderno TP4 – Leitura e Escrita, realizamos “A Lista”: assistimos ao vídeo de Osvaldo Montenegro e os professores responderam ao questionário relativo ao tema da música. Com esta atividade, puderam relaxar e exercitar a escrita de uma maneira mais lúdica.
As abordagens teóricas ficaram por conta de dois aspectos: “Concepções de Linguagem”, em que realizamos uma reflexão sobre a importância de se ter noção da evolução nas concepções de linguagem. Na década de 1970, uma transformação conceitual mudou as práticas escolares. A linguagem deixou de ser entendida apenas como a expressão do pensamento para ser vista também como um instrumento de comunicação, envolvendo um interlocutor e uma mensagem que precisa ser compreendida. Todos os gêneros passaram a ser vistos como importantes instrumentos de transmissão de mensagens: o aluno precisaria aprender as características de cada um deles para reproduzi-los na escrita e também para identificá-los nos textos lidos. Em pouco tempo, no entanto, as correntes acadêmicas avançaram mais. Mikhail Bakhtin (1895-1975) apresentou uma nova concepção de linguagem, a enunciativo-discursiva, que considera o discurso uma prática social e uma forma de interação - tese que vigora até hoje. Essas ideias ganharam suporte das pesquisas que têm em comum às concepções de aprendizagem socioconstrutivistas, que consideram o conhecimento como sendo elaborado pelo sujeito, e não só transmitido pelo mestre.
Hoje, a tendência propõe que certas atividades sejam feitas diariamente com os alunos de todos os anos para desenvolver habilidades leitoras e escritoras. Entre elas, estão a leitura e escrita feita pelos próprios estudantes e pelo professor para a turma (enquanto eles não compreendem o sistema de escrita), as práticas de comunicação oral para aprender os gêneros do discurso e as atividades de análise e reflexão sobre a língua.
Outro ponto teórico discutido foi “Zona de desenvolvimento Proximal”, assunto já abordado pelo colega Cassiano e que foi de muita valia para meus propósitos nesta oficina. Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), é um conceito elaborado por Vygotsky, e define a distância entre o nível de desenvolvimento real, determinado pela capacidade de resolver um problema sem ajuda, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através de resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou em colaboração com outro companheiro. Quer dizer, é a série de informações que a pessoa tem a potencialidade de aprender mas ainda não completou o processo, conhecimentos fora de seu alcance atual, mas potencialmente atingíveis.
Esta idéia aproxima-se afirma que o indivíduo não pode construir conhecimento novo sem uma estrutura, um fundamento, de aprendizagem prévia. Lev Vygotsky diz que o indivíduo não pode transpor um expediente de aprendizagem sem algum um conhecimento anterior cognitivamente relacionado, a fim de conectar e suportar a nova informação. Assim (novamente valendo-me do exemplo do colega Cassiano) se o aluno não concretizar o aprendizado de contrução de frase, não conseguira efetivamente contruir umt exto. Para os cursistas, esta explicação foi muito válida, a medida que conseguiram entender os processos e mecanismo na aquisição do conhecimento.
Em seguida, ainda dentro de uma linha teórica, entretanto mais analítica, lancei as questões: Escrever – Arte e técnica? / Arte ou técnica? Para analisar estas questões e definir posicionamentos, entreguei aos cursistas alguns itens sobre o assunto. São eles:

1. Escrever bem, antes de mais nada, é técnica expressa em conhecimentos de gramática e estilo. Junte isso ao exercício da sensibilidade e da reflexão, do drible na falta de tempo para leitura e da reverência ao trabalho silencioso de escrever sem a mínima preguiça de reescrever, depois misture tudo e deixe em fogo brando por cerca de três anos. Está pronta a fórmula. Está pronta a Técnica.
2. Agora escrever bem também é Arte. Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica. Fora disso sou doido, com todo o direito de sê-lo. Com todo o direito a sê-lo… (F. Pessoa). A Técnica tem seu espaço. A loucura faz às vezes da Arte, o preenchimento, a Via Láctea.
3. Saber reduzir, simplificar, é Arte. Escrever longos textos é Técnica. Driblar a deficiência na formação escolar é Arte. Recorrer ao dicionário é Técnica.
4. Digerir o turbilhão de informações do dia-a-dia é Arte. Não deixar-se alienar também é Arte. Encontrar tais informações é Técnica.
5. Ler Drummond é o enlace da Arte com a Técnica. Ler quadrinhos, a união da Técnica com a Arte. Não grites, não suspires, não mates: escreve.
Pensa na doçura das palavras. Pensa na dureza das palavras. Pensa no mundo das palavras. Que febre te comunicam. Que riqueza. (Drummond)
6. Respeitar a verdade é Técnica. A Redação com R maiúsculo tem como princípio respeitar a verdade, isso é Técnica. Já conhecer a verdade e a verdade vos libertar é outro papo, e isso é Arte. O propósito de enganar não pertence à Arte. Tampouco à Técnica.
7. Escrever com clareza é Arte e Técnica. Mais de uma em um determinado texto. Mais de outra, noutro. Expressar o pensamento sem obscuridade é Arte. O fácil tornando-se difícil, graças ao desnecessário, isso é falta de Técnica.
8. A coerência é Técnica, a concisão é Arte. Ser preciso é Arte, ser correto é Técnica. Ser criativo – aí o bicho pega.
9. A redação técnica, instrumento de trabalho de biólogos, advogados, promotores, juízes, doutores, peritos, investigadores, químicos, físicos nucleares, quânticos e chapados, pode ser criativa, mas não me perguntem como. Se bem que um texto longo, inchado de fatos etc. e tal, com termos técnicos e palavras que soam como palavrões aos ouvidos de 80% da população brasuca deve ficar muito melhor com uma conotação afetiva, uma metonímia – que seja – ou a luz da ironia. Só de aridez não se faz uma resenha.

Cada professor leu um item e discutimos os aspectos que são aplicáveis em nossas práticas de produção textual. Afinal, escrever não é a união da arte com a técnica?
Para complementar nosso estudo acerca do TP4 – Leitura e Produção Textual, fizemos a leitura do artigo da Revista Nova Escola “Produção de Texto” (http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/fundamentos/escrever-verdade 427139.shtml). A leitura do artigo nos proporcionou vários momentos de reflexão e discussão sobre as práticas de produção textual sugeridas. Algumas delas certamente servirão de base e modelo para a implementação das técnicas usadas por nossos professores em sala de aula, principalmente quanto à importância da revisão das produções pelos alunos.
Quanto ao estudo da unidade 16 do TP4, as dinâmicas foram organizadas da seguinte maneira: leitura e análise da Seção 1 – Escrita, crenças e teorias. Nesta seção, foi possível rever alguns mitos sobre leitura e escrita e suas relações.
Como atividade prática, sugeri que assistissem ao vídeo “capturando o vento”. Após deveriam elaborar um plano de aula a partir deste vídeo, considerando as abordagens vistas e as implicações da Seção 2, Unidade 16, TP4. A atividade exigiu bastante empenho, uma vez que deveriam elaborar objetivos, metodologias e etapas para o planejamento da aula. O resultado foi muito bom, uma vez que puderam trocar ideias e rever algumas práticas que, ao longo dos anos, acabaram se tornando repetitivas e ineficazes. Essas trocas são extremamente produtivas, auxiliando o professor na reflexão e na busca de melhores resultados no que diz respeito à leitura e escrita.