terça-feira, 8 de dezembro de 2009

TP1 – Linguagem e Cultura

Para trabalhar este caderno, TP1, introduzi os estudos com a história em quadrinhos do Chico Bento, “Os saberes de cada um”. Após uma reflexão sobre o significado do texto, fizemos a leitura do texto “Nois Mudemo” de Fidêncio Bogo.
Foi possível estabelecer uma relação entre ambos, em que a linguagem influencia uma cultura pelo modo como dá forma à percepção que se tem da realidade. A língua funciona muitas vezes como uma marca de identidade. Ela identifica o indivíduo como parte de um grupo - muitas vezes confundindo a língua com a própria nacionalidade - com fronteiras físicas e culturais bem definidas. No entanto, quanto maior for a extensão englobada por estas fronteiras, maior diversidade cultural existirá dentro delas, levando à produção de dialetos que identificam o indivíduo como elemento de grupos mais específicos. Portanto, respeitar essa diversidade lingüística é, sobretudo, fazer cultura.
A partir destas reflexões, realizamos a atividade proposta no TP1, páginas 169, 170 e 171, sobre o texto “A outra senhora” de Carlos Drummond de Andrade.

Processos de Escrita II

“A essência da comunicação é a argumentação”
Tudo que temos visto sobre língua e linguagem nos mostra como nossa própria existência de seres humanos é moldada pela nossa capacidade de agir pela linguagem. Distinguimo-nos de outras espécies animais porque somos capazes de nos constituir humanos pelo exercício da faculdade da linguagem. Assim, cada cultura organiza historicamente seus códigos de comunicação, seja na formação de seu vocabulário e estruturação sintática e semântica, seja na adequação dos textos às situações sócio comunicativas. Pela linguagem organizamos o saber, a vida. Pela linguagem agimos sobre nossos pares e sobre o mundo. Por isso, todos os seres humanos são, ao mesmo tempo, origem e produto da linguagem, origem e produto da história que nos leva a construir formas de comunicação e de atuação específicas.
Visto nessa perspectiva, todo uso da linguagem é argumentativo, pois estabelece uma interação com o outro, uma relação de fazer social. E toda linguagem é, assim, um processo sempre em movimento.
A partir desta abordagem, apresentei duas situações comuns em que a argumentação é falha:

Acontece em várias situações de alguém não ter argumento e apelar para voz alta, gritos ou expressões feitas, chavões e até palavras que, de tão baixo nível, expulsam os interlocutores para fora do diálogo, porque estes não querem se imiscuir em baixarias. No caso da tirinha da Mafalda, a agressão justifica a falta de argumentação a uma proposição apresentada pela sua interlocutora, no caso a Suzanita.
Neste caso “Por que a Eva comeu a maça?”, encontramos outra situação de quebra de argumentação:

No início, Eva não queria comer a maçã.
- Come - disse a serpente - e serás como os anjos!
- Não - respondeu Eva.
- Terás o conhecimento do Bem e do Mal - insistiu a víbora.
- Não!
- Serás imortal.
- Não!
- Serás como Deus!
- Não, e não!
A serpente já estava desesperada e não sabia o que fazer para que a Eva comesse a maçã. Até que teve uma idéia. Ofereceu-lhe novamente a fruta e disse:
- Emagrece!

Quando a resposta do interlocutor é lacônica (um “Não!”, por exemplo), ficamos propensos a desistir de argumentar, embora possamos lançar novas propostas em busca de nossos objetivos, enquanto a inicial é totalmente descartada. Ainda neste texto, concluímos que quando o argumento vem ao encontro das expectativas do interlocutor, fica mais fácil convencê-lo. No caso da Eva, a serpente somente conseguiu atingir seus propósitos quando lançou mão de um argumento que Eva estava disposta a aceitar, que lhe interessava no momento.
Esta reflexão nos ajudou a entender um fenômeno comum na escola: Será que argumentamos bem nossa proposta de ensino a nossos alunos? Será que nossos argumentos vêem ao encontro de suas expectativas? Ou caímos na armadilha de dizer que “precisam estudar para que sejam alguém no futuro”? Precisamos rever nossos argumentos! Para elucidar estas questões, assistimos ao vídeo “Estudo errado”, um clip musical de Gabriel, O Pensador.

Como ocorre a construção da argumentação?
Nossas reflexões sobre a linguagem se apóiam na concepção de que usamos as línguas (e a linguagem) não apenas para retratar o mundo ou dizer algo sobre as coisas, mas principalmente para atuar, agir sobre o mundo e as coisas; para produzir resultados a partir de nossas ações linguísticas. (Tp6 – pg. 15)
Para fixar estes conceitos, realizamos as atividades 1 e 2 do caderno TP6 (pg. 15 a 18), com propaganda e tirinhas. Após, distribui as atividades da Unidade 22 em três grupos para que apresentassem as seguintes propostas:


• Planejamento
• Estratégias
• A escrita
Como lição de casa, selecionei a atividade apresentada na página 219 do TP6, a partir da crônica “Espírito Carnavalesco” de Moacyr Scliar.

Estudos TP6

Para introduzirmos nosso encontro, passei aos cursistas o vídeo “I want to believe”, o qual apresenta um personagem que busca observar o espaço, na tentativa de descobrir outro mundo e seus mistérios. Enquanto observa somente um lado, as coisas acontecem do outro lado, e ele perde o grande espetáculo. Esta metáfora foi levada para nossa vida como profissionais da educação, e numa interpretação bem abrangente, os professores conseguiram fazer uma analogia a sua própria prática: às vezes buscamos cegamente acreditar naqueles paradigmas que formamos e esquecemos de buscar novos caminhos e, conseqüentemente, desistimos de nossos sonhos...
Através desta introdução reflexiva, é que iniciamos nossos estudos referentes ao TP6. Para o momento, considerei importante fazer uma retomada sobre as concepções de ensino da Língua Portuguesa, a fim de que o professor possa relacioná-las a sua prática e conheça melhor sua didática de ensino. Então, apresentei uma síntese das concepções baseada no texto “Ensino de Língua Portuguesa: Objetivos e Concepções de Linguagem guiando a prática docente” (Thaís Wojciechowski, UFMT)
1. Linguagem como expressão de pensamento: A enunciação é um ato monológico, pois a expressão se constrói no interior da mente, portanto, o modo como o texto se constitui não depende em nada do contexto em que se insere. A língua é concebida como um simples sistema de normas, acabado, fechado, abstrato e sem interferência social.
2. Linguagem como instrumento de comunicação: Procura-se desenvolver e aperfeiçoar o comportamento dos alunos enquanto emissores-codificadores e receptores-decodificadores de mensagens verbais e não-verbais, presumindo-se que para a compreensão basta apenas o conhecimento do código.
3. Linguagem como processo de interação: Esta concepção concebe a língua como um processo de interação em um dado contexto sócio-histórico e ideológico, em que o indivíduo realiza ações por meio da linguagem, agindo e atuando sobre o interlocutor.
Após apresentar tais concepções e localizarmos os processos de ensino em cada uma delas, concluímos que cada forma atende às necessidades da época vigente, Cabe ao professor, desenvolver uma forma de ensino que realmente lhe pareça produtiva para atender à consecução dos objetivos de Língua Portuguesa que se tem em mente. A reflexão sobre o seu fazer pedagógico deve ser consciente e, caso pretenda operar a uma mudança de atitude, o professor deve ter claro que, para haver mudanças, não basta mudar a metodologia, há uma questão mais séria a ser resolvida antes de se adotar uma nova linha metodológica, e de se pensar em novos procedimentos de ação. Trata-se da adesão a uma nova concepção de língua/linguagem, para que enfim seja possível refletir sobre sua prática docente e conseguir ultrapassar a insegurança de uma alteração de atitude.
Embora acredita-se muito que a terceira concepção de ensino seja a adequada para o momento, é preciso trabalhar de forma a integrar todas as concepções, pois não devemos esquecer que os aspectos formais da língua são essenciais para a formação social de nossos alunos, como bem explica Magda Soares:

Um ensino de língua materna comprometido com a luta contra as desigualdades sociais e econômicas reconhece, no quadro destas relações entre a escola e a sociedade, o direito que têm as camadas populares de apropriar-se do dialeto de prestígio, e fixa-se como objetivo levar os alunos pertencentes a essas camadas a dominá-lo, não para que se adaptem às exigências de uma sociedade que divide e discrimina, mas para que adquiram um instrumento fundamental para a participação política e a luta contra as desigualdades sociais.

Aproveitando o texto mostrado pelo professor Maurício em nosso último encontro, fiz algumas relações entre os pontos apresentados com teorias, a fim de mostrar aos professores como importante é ter conhecimento de teoria e que, muitas vezes, elas se aplicam claramente em nosso cotidiano escolar. O texto é o seguinte:
Princípios da aprendizagem
1. A história particular do aluno deve ser considerada no processo de ensino
2. O autoconceito do aluno influi em sua capacidade de aprender
3. A aprendizagem deve ser significativa, isto é, ser relevante para a vida do aluno e articular-se com seus conhecimentos anteriores
4. Aprender motiva mais quando o aluno já tem alguma ideia do que está sendo ensinado e foi informado sobre como os novos conhecimentos podem fazer sentido em sua vida
5. Elogios são uma forma poderosa para promover a aprendizagem
6. 6. A aprendizagem vivenciada é duradoura
7. 7. As aprendizagens precisam se repetir para serem dominadas, mas a repetição deve se dar de forma interessante
8. 8. A aprendizagem é mais sólida quando se conhecem os erros cometidos
9. 9. Quando o estilo cognitivo do aluno é entendido, ele pode aprender melhor
10. 10. “Aprender a aprender” é fundamental para que o aluno conquiste autonomia par continuar aprendendo
Para finalizar estas reflexões, fizemos a leitura do texto “marcas de batom no banheiro” (apresentado pela colega Sabrina, de Glorinha, em nosso segundo encontro em POA). O texto metaforiza a ideia de que necessitamos mudar nossa metodologia a fim de atingirmos os objetivos em nossa área. Ao fazer estas leituras, cada professor fazia inferências e conseguia fazer analogias às suas práticas e experiências, constatando que o que foi apresentado é muito verdadeiro e correspondente às vivências diárias.