quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Análises e Propostas de estudo

- Socialização das atividades
Interagir, trocar experiências, socializar, comunicar-se é importante para os indivíduos no sentido de aprender, ganhar experiências, fazer amizades, estabelecer laços afetivos, integrar-se dentro de um grupo/sociedade, relacionar-se e evoluir como pessoa. Por isso, nossos momentos de socialização têm sido muito importantes para o processo de crescimento profissional. Através destes momentos foi possível concluir que, apesar de sermos professores de escolas distintas, formarmos uma unanimidade de pensamento em relação às práticas escolares, tanto no que diz respeito à área de língua portuguesa quanto às demais disciplinas.
Cada professor cursista apresentou suas atividades desenvolvidas a partir das orientações da última oficina (TP4), valorizando as formas de se trabalhar com leitura e produção textual. Os trabalhos que vêm sendo desenvolvidos são dignos de muita apreciação. O que deve ser destacado é o da professora Maria de Lurdes Osmarini, a qual sempre teve uma prática baseada no ensino tradicional da língua portuguesa e que, a partir do Gestar II, vem modificando sua maneira de ensino (modelo de plano de aula em anexo).
Dentre as atividades apresentadas, verificamos a tendência que propõe que certas atividades sejam feitas diariamente com os alunos de todos os anos para desenvolver habilidades leitoras e escritoras. Entre elas, estão a leitura e escrita feita pelos próprios estudantes e pelo professor para a turma (enquanto eles não compreendem o sistema de escrita), as práticas de comunicação oral para aprender os gêneros do discurso e as atividades de análise e reflexão sobre a língua.
Concluímos que a leitura, coletiva e individualmente, em voz alta ou baixa, precisa fazer parte do cotidiano na sala. O mesmo acontece com a escrita, no convívio com diferentes gêneros e propostas diretivas do professor. O propósito maior deve ser ver a linguagem como uma interação. O desenvolvimento da linguagem oral, por sua vez, apesar de ainda pouco priorizado na escola, precisa ser trabalhado com exposições sobre um conteúdo, debates e argumentações, explanação sobre um tema lido ou leituras de poesias. O importante é oferecer oportunidades de fala, mostrando a adequação da língua a cada situação social de comunicação oral.

- Provas diagnósticas
As provas diagnósticas de entrada têm por objetivo medir os resultados da aprendizagem dos alunos e servir como base para o replanejamento escolar do professor. Assim, os cursistas aplicaram as provas entre os dias 21 e 25 de setembro, nas séries que escolheram e acharam por bem aplicá-las.
O resultado foi satisfatório. Segundo as professoras, os alunos gostaram de resolver a prova, pois suas aulas já contemplam os aspectos requisitados na prova. As médias de acertos ficaram boas e ficou muito evidente os pontos em que ainda há deficiências de aprendizado e, portanto, a prova servirá como mote para se trabalhar as questões em que o aluno no obteve resultado positivo. A prova também servirá de embasamento para a aplicação das provas do MEC (Prova Brasil), em que o aluno possivelmente passará por uma experiência semelhante.
Pode-se, portanto, considerar esta prova como um instrumento muito útil para dar ao professor mais segurança em saber qual será o foco de seu trabalho. É evidente a necessidade de se trabalhar a multiplicidade dos gêneros como forma de alcançar objetivos e atingir todos os níveis de aprendizado.

- Referencial Curricular da Língua Portuguesa – RS
O novo Referencial Curricular da Língua Portuguesa – RS vem com uma nova proposta de ensino da Língua Portuguesa e Literatura. Considerando que os currículos destas disciplinas estão, em sua maioria, ultrapassados, considerei interessante apresentar esta nova proposta para os professores destas disciplinas de nossa rede, a fim de que se possa pensar acerca das mudanças que podemos promover em nosso currículo para os próximos anos.
Às professoras foi apresentado o propósito desta mudança, o qual vem ao encontro da metodologia do Gestar II, em que a linguagem deva servir como forma de articular significados coletivos em códigos, ou seja, em sistemas arbitrários de representação, compartilhados e variáveis, e de lançar mão desses códigos como recursos para produzir e compartilhar sentidos. Conforme Sonia Balzano, uma importante mudança é o foco das aprendizagens, que passa a ser as competências, numa abordagem interdisciplinar, e não mais a assimilação de conteúdos estanques em disciplinas e, algumas vezes, pouco contextualizados com as exigências do mundo contemporâneo.
A proposta foi analisada e discutida entre o grupo e, por fim, bem aceita. Pretendemos iniciar um novo estudo acerca das peculiaridades do referencial para que possamos construir um novo modelo para nossa rede. Para isso, foi entregue uma cópia em CD para cada professor, a fim de realizarem suas análises como tarefa.

- Projetos
Os projetos solicitados aos cursistas estão sendo executados. Comuniquei a eles que estarei verificando-os nas escolas nas próximas semanas.
Foi proposto aos cursistas pensarem em uma atividade de apresentação dos projetos. Pretende-se, então, fazer uma culminância no dia 05 de Dezembro, na Praça Central de nossa cidade, em que serão apresentadas algumas atividades relativas aos projetos a toda comunidade. Esta ideia será desenvolvida e tramitada durante nossos próximos encontros.

Estudos do TP5

TP5 – Estilo
• O estilo é o resultado de uma escolha dos meios de expressão realizada pelo falante.
• O estilo liga-se a intenção do falante.
• A emoção e a afetividade estão presentes no estilo.
Após construir estes conceitos coletivamente, discutiu-se como o estilo está presente em sala de aula. Do que foi dito neste breve estudo, concluímos que a presença da Estilística nas aulas de português é da maior relevância. Desperta a sensibilidade lingüística e o gosto literário do aluno, além de motivar e tornar menos árido o estudo da matéria gramatical. Vale lembrar que muitas das aparentes irregularidades da língua têm sua origem em motivações de natureza estilística. Por fim, cabe enfatizar que o estudo da Estilística e o da Gramática são perfeitamente compatíveis, por se tratar de disciplinas complementares e afins, e tanto o professor quanto o aluno sairão ganhando com essa dobradinha, sobretudo como subsídio para a pratica da redação e da compreensão de textos.
Para ilustrar este aspecto da língua portuguesa, apresentei o vídeo “Fita Verde no Cabelo” de Guimarães Rosa. Este vídeo articula vários estilos e conduz ao raciocínio através das alegorias presentes, as quais fazem toda diferença ao se tratar dos aspectos semânticos. Dos textos de Guimaraes Rosa, é possível destacar: uso de frases caótica, frases na ordem inversa, português arcaico, neologismos, regionalismos, mudanças de classe gramatical, sufixos e prefixos, transposição da linguagem oral para a escrita, uso de provérbios populares, frases entrecortadas, etc.
Avançando na Prática: O texto “Palavras” de Adriana Falcão também foi lido para dar enfoque a um estilo acerca do plano sonoro. O texto mostra a tonalidade emotiva das palavras, o sentimento que cada uma desperta em quem as usa. Na ocasião, coloquei aos cursistas a importância de se ter um novo olhar para as produções escolares, uma vez que as escolhas do aluno representam a subjetividade, e em análise, muitas vezes não temos esta sensibilidade em avalia-las.

- TP5 – Coesão e Coerência
Na construção de um texto, assim como na fala, usamos mecanismos para garantir ao interlocutor a compreensão do que se lê / diz. Esses mecanismos linguísticos que estabelecem a conectividade e a retomada do que foi escrito / dito são os referentes textuais e buscam garantir a coesão textual para que haja coerência, não só entre os elementos que compõem a oração, como também entre a sequência de orações dentro do texto.
A fim de analisar estes elementos, propus os seguintes textos:

Texto 1:

Nesta tira, apenas identificamos os elementos coesivos aparentes. Relacionamos, inclusive, a importância da coesão para que haja coerência e concluímos que: para que haja coerência, um texto precisa ser coeso, ao passo que um texto coeso não irá ter necessariamente coerência.

Texto 2:

As tiras da Mafalda são sempre suportes excelentes de análise! Neste caso, analisamos os elementos coesivos implícitos, pois não precisam estar aparentes. Nesta tira, a coesão se dá a partir do conhecimento prévio que se tem sobre a aversão que a personagem tem por sopa, e que proporciona toda a coerência do texto. Textos como estes demonstram que se não houver um ensino direcionado que privilegia a linguística, não haverá entendimento, isto porque o estudo gramatical torna o entendimento limitado.

Texto 3:


O texto 3 trata de elementos de coesão que o leitor elabora durante a leitura, e que são imediatamente redirecionados pelo autor, como numa quebra de expectativa a fim de que possa haver humor.

Texto 4:

A propaganda da Coca-cola possui significado intenso desde que haja relação entre texto e imagem. O produto é tão leve – light – a ponto de levitar. Caso a tarja da garrafa não possuísse a expressão “light”, o entendimento ficaria comprometido. Neste caso, verifica-se a importância da coesão entre texto e imagem para fin de coerência.

Texto 5:
O cartaz
O desejo

O pai
O dinheiro
O ingresso

O dia
A preparação
A ida

O estádio
A multidão
A expectativa

A música
A vibração
A participação

O fim
A volta
O vazio


No poema de Affonso Romano de Sant’Anna, os elementos coesivos são elípticos e, mesmo assim, temos indiscutível coerência.
Estes foram alguns exemplos trabalhados e discutidos a fim de demonstrar as relações entre coesão e coerência na construção de um texto. A partir destas análises, passamos a entender as diversas possibilidades que um texto apresente, uma vez trabalhado sob a ótica da linguística.
Para fins de discussão e também de diversão (por que não?), apresentei o vídeo “Conto de Fadas Improvável”. Endereço do vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=kj8egQo9qw4
Foi a oportunidade de apresentar idéias de aplicação de aula com objetivo de se trabalhar coesão e coerência. Este vídeo apresenta uma proposta com regra simples, a platéia sugere o nome de um conto de fadas que não existe. Os jogadores deverão encenar o conto de fadas sempre rimando suas falas. O jogo é ótimo e pode ser aplicado em sala de aula, com algumas modificações, certamente. Cada cursista elaborou uma proposta de trabalho a partir da ideia do vídeo, em que se valorizasse às questões referentes à coesão e coerência, sendo que cada proposta foi discutida conforme sua funcionalidade e viabilidade, bem como alcance de objetivos.
Para complementar os assuntos apresentados do TP5, foram realizados mis duas atividades:
Atividade 1: Ditado
Proposta de trabalho
1. Fazer a leitura de um texto numa velocidade normal e os cursistas terão de anotar o maior número possível de palavras. (Foi feita a leitura de um fragmento do texto “Vovô fugiu de casa” de Sérgio Caparelli)
2. Um segunda leitura é feita. Ela deve permitir completar a informação recebida durante a primeira leitura.
3. Dividir a turma em grupos. Dentro de cada grupo, devem trocar informações até chegar a uma versão próxima do texto original.
4. Cada grupo apresenta sua versão.
Nesta atividade, o objetivo é trabalhar os elementos de coesão, pois são anotadas palavras ou fragmentos e, após, as informações são agrupadas tendo que formar um texto coeso.

Atividade 2: Complemento coerente
Proposta de trabalho
1. Apresentar uma letra de música pouco conhecida com as rimas finais ocultas, para que a completem com coerência.
2. Desenvolver um trabalho de leitura e compreensão após a atividade. É muito divertido pela diversidade de opiniões apresentadas.
Exemplo:
Eu sou só um bicho carente de _______________
Uma criança problema no meio de um _______________
Ou choro sozinho num canto na hora do ____________________
Ou banco o palhaço e faço _____________________
No fundo, no fundo, no fundo sou um ______________________
Um vira-lata de raça, raposa no dia de ____________________
Eu quebro o protocolo, me atiro no seu ________________
Eu salvo sua vida quando você se ____________________
Minha dor não dói, sou marginal, sou _______________
Eu sou Marlon Brando, vivo numa ilha
Não faço papel de santo nem pra minha ________________
Não posso ser outra coisa se não James Dean
Eu sempre fui mais bonzinho quando sou _________________

Em outra etapa, foram realizadas as atividades propostas n TP5 - Unidade 20 – Relações Lógicas no Texto: Seção 1: A lógica do (no) texto, Seção 2: A negação, Seção 3: Significados Implícitos. Cada grupo realizou as atividades propostas no TP e apresentaram seus resultados para o grande grupo. Acreditamos que o fato do professor estar realizando estes exercícios o colocam frente as experiências que o aluno irá passar, abrindo assim seus horizontes para uma prática mais acessível visando o objetivo da linguagem.