terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Processos de Escrita II

“A essência da comunicação é a argumentação”
Tudo que temos visto sobre língua e linguagem nos mostra como nossa própria existência de seres humanos é moldada pela nossa capacidade de agir pela linguagem. Distinguimo-nos de outras espécies animais porque somos capazes de nos constituir humanos pelo exercício da faculdade da linguagem. Assim, cada cultura organiza historicamente seus códigos de comunicação, seja na formação de seu vocabulário e estruturação sintática e semântica, seja na adequação dos textos às situações sócio comunicativas. Pela linguagem organizamos o saber, a vida. Pela linguagem agimos sobre nossos pares e sobre o mundo. Por isso, todos os seres humanos são, ao mesmo tempo, origem e produto da linguagem, origem e produto da história que nos leva a construir formas de comunicação e de atuação específicas.
Visto nessa perspectiva, todo uso da linguagem é argumentativo, pois estabelece uma interação com o outro, uma relação de fazer social. E toda linguagem é, assim, um processo sempre em movimento.
A partir desta abordagem, apresentei duas situações comuns em que a argumentação é falha:

Acontece em várias situações de alguém não ter argumento e apelar para voz alta, gritos ou expressões feitas, chavões e até palavras que, de tão baixo nível, expulsam os interlocutores para fora do diálogo, porque estes não querem se imiscuir em baixarias. No caso da tirinha da Mafalda, a agressão justifica a falta de argumentação a uma proposição apresentada pela sua interlocutora, no caso a Suzanita.
Neste caso “Por que a Eva comeu a maça?”, encontramos outra situação de quebra de argumentação:

No início, Eva não queria comer a maçã.
- Come - disse a serpente - e serás como os anjos!
- Não - respondeu Eva.
- Terás o conhecimento do Bem e do Mal - insistiu a víbora.
- Não!
- Serás imortal.
- Não!
- Serás como Deus!
- Não, e não!
A serpente já estava desesperada e não sabia o que fazer para que a Eva comesse a maçã. Até que teve uma idéia. Ofereceu-lhe novamente a fruta e disse:
- Emagrece!

Quando a resposta do interlocutor é lacônica (um “Não!”, por exemplo), ficamos propensos a desistir de argumentar, embora possamos lançar novas propostas em busca de nossos objetivos, enquanto a inicial é totalmente descartada. Ainda neste texto, concluímos que quando o argumento vem ao encontro das expectativas do interlocutor, fica mais fácil convencê-lo. No caso da Eva, a serpente somente conseguiu atingir seus propósitos quando lançou mão de um argumento que Eva estava disposta a aceitar, que lhe interessava no momento.
Esta reflexão nos ajudou a entender um fenômeno comum na escola: Será que argumentamos bem nossa proposta de ensino a nossos alunos? Será que nossos argumentos vêem ao encontro de suas expectativas? Ou caímos na armadilha de dizer que “precisam estudar para que sejam alguém no futuro”? Precisamos rever nossos argumentos! Para elucidar estas questões, assistimos ao vídeo “Estudo errado”, um clip musical de Gabriel, O Pensador.

Como ocorre a construção da argumentação?
Nossas reflexões sobre a linguagem se apóiam na concepção de que usamos as línguas (e a linguagem) não apenas para retratar o mundo ou dizer algo sobre as coisas, mas principalmente para atuar, agir sobre o mundo e as coisas; para produzir resultados a partir de nossas ações linguísticas. (Tp6 – pg. 15)
Para fixar estes conceitos, realizamos as atividades 1 e 2 do caderno TP6 (pg. 15 a 18), com propaganda e tirinhas. Após, distribui as atividades da Unidade 22 em três grupos para que apresentassem as seguintes propostas:


• Planejamento
• Estratégias
• A escrita
Como lição de casa, selecionei a atividade apresentada na página 219 do TP6, a partir da crônica “Espírito Carnavalesco” de Moacyr Scliar.

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